A Doença de Alzheimer é a causa mais comum de demência em idosos. Reconhecer seus primeiros sinais é essencial para que o diagnóstico seja feito precocemente — momento em que ainda é possível planejar cuidados, proteger a autonomia e retardar o avanço da doença.
Neste artigo, explico os sintomas iniciais mais comuns, as diferenças entre o envelhecimento normal e o Alzheimer, e o que fazer quando surgem as primeiras suspeitas.
Quais são os primeiros sinais de Alzheimer que familiares devem observar?
Os sintomas iniciais da Doença de Alzheimer geralmente são sutis e podem passar despercebidos. É comum que o familiar note pequenas mudanças no comportamento antes mesmo do idoso reconhecer que algo está diferente.
Entre os primeiros sinais, destacam-se:
Esquecimentos recentes, como repetir perguntas ou esquecer conversas e compromissos;
Dificuldade para organizar tarefas simples, como pagar contas ou preparar uma refeição;
Alterações de linguagem, como dificuldade para encontrar palavras comuns;
Desorientação em locais conhecidos, mesmo próximos de casa;
Mudanças de humor ou comportamento, com irritabilidade, apatia ou desconfiança sem motivo claro;
Diminuição do interesse por atividades que antes davam prazer.
Qual a diferença entre esquecimento normal da idade e sinais iniciais de Alzheimer?
Com o envelhecimento, é natural esquecer nomes ou detalhes ocasionais — especialmente quando há sobrecarga, cansaço ou distração.
A diferença é que no Alzheimer os esquecimentos comprometem a funcionalidade: o idoso começa a ter dificuldade para se organizar, perde objetos com frequência e não consegue lembrar mesmo quando recebe dicas.
Um exemplo simples:
Envelhecimento normal: esquece o nome de alguém, mas lembra depois.
Alzheimer inicial: esquece quem a pessoa é ou o contexto em que a conheceu.
A que idade podem surgir os primeiros sintomas de Alzheimer?
Embora a maior parte dos casos ocorra após os 65 anos, a doença pode surgir antes disso — especialmente quando há histórico familiar. Nesses casos, chamamos de Alzheimer de início precoce e ele costuma evoluir mais rapidamente.
Quando procurar um geriatra se houver suspeita de Alzheimer?
A orientação é não esperar.
Ao perceber esquecimentos frequentes, confusão ou alterações de comportamento, o ideal é procurar um Geriatra. Esse especialista está preparado para diferenciar o que é um envelhecimento esperado do que pode ser o início de uma demência.
O geriatra realiza uma avaliação global, que inclui memória, atenção, humor, sono, uso de medicamentos e condições clínicas associadas (como depressão, deficiência de vitamina B12 ou distúrbios da tireoide, que podem simular ou agravar os sintomas).
Quais exames ajudam no diagnóstico?
O diagnóstico de Alzheimer atualmente é clínico, baseado em história e testes cognitivos. Ultimamente, estão sendo estudados exames que conseguem dar o diagnóstico definitivo de Doença de Alzheimer, mas, em 2025, ainda não são de uso corriqueiro e amplamente disponíveis.
Entretanto, o médico pode solicitar exames complementares para descartar outras causas de perda de memória, como:
Exames de sangue (função tireoidiana, vitaminas, infecções, glicemia);
Ressonância magnética do encéfalo;
Avaliação neuropsicológica, em casos selecionados.
O que o familiar deve fazer após identificar os primeiros sinais?
Registrar as mudanças observadas. Anotar exemplos práticos ajuda na consulta médica.
Evitar confrontos. Corrigir ou discutir com o idoso sobre esquecimentos tende a gerar ansiedade e irritação.
Manter uma rotina estável. Repetição e previsibilidade dão segurança.
Estimular o contato social e a atividade física, que ajudam na preservação cognitiva.
Buscar acompanhamento médico regular. O tratamento precoce e o planejamento dos cuidados fazem diferença na qualidade de vida.
O Alzheimer tem cura? O que pode ser feito nos estágios iniciais?
Ainda não há cura, mas existem tratamentos capazes de estabilizar ou retardar a progressão da doença. Estão em andamento estudos com medicamentos que atuam na reversão do mecanismo da doença, mas ainda não estão amplamente difundidos para uso (Em 2025, o donanemab foi aprovado pela Anvisa para o tratamento de Alzheimer, mas, no momento da escrita deste artigo, ainda não é a uma realidade). Além de medicamentos específicos, o manejo inclui:
Controle de doenças crônicas (como hipertensão e diabetes);
Alimentação equilibrada e exercício físico regular;
Estímulos cognitivos e interação social;
Apoio ao cuidador e à família, fundamentais para um cuidado sustentável.
Como conversar com o idoso sobre a suspeita de Alzheimer?
A comunicação deve ser feita com respeito e empatia. O ideal é abordar o assunto de forma tranquila, mostrando preocupação genuína e não crítica.
Dizer algo como “tenho notado que você anda mais esquecido, será que não vale a pena checar com o médico?” costuma ser mais bem recebido do que apontar erros ou falhas.
Conclusão
Perceber os primeiros sinais de Alzheimer pode ser difícil — especialmente porque o início é silencioso.
Por isso, é fundamental que familiares fiquem atentos e procurem avaliação geriátrica assim que surgirem dúvidas.
O diagnóstico precoce permite planejar o cuidado, preservar a autonomia e oferecer ao idoso o que realmente importa: qualidade de vida com dignidade e segurança.